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Birras em Direto

Sou assim (também) pelos meus birras

Fotografia Dois é Par

Sempre soube que era uma miúda cheia de força, cheia de garra, persistente, decidida, que não admite ouvir um “não” como resposta. Sempre fui sonhadora e, acreditem, muitos foram os que me tentaram cortar as asas, mas nunca conseguiram porqueo desisto facilmente. Nasci destemida e sem medo de enfrentar o mundo. Cheia de energia e com a adrenalina na ponta dos dedos.

Mas também tive o melhor professor ao longo destes 32 anos, aquele que sempre me deu força para arriscar por mais louca que fosse a aventura (e foram muitas!). Refiro-me, claramente, ao meu Paique, apesar de tudo, não foi o único que fez de mim o que sou hoje. Sei que somos um puzzle que se vai montando aos poucos e muitos são os que influenciam a nossa personalidade, mas há 13 anos cruzei-me com o homem da minha vida e vocês não imaginam o impacto que isto teve em mim. Até poderia aprofundar um pouco mais este tema, porém, e como há muito para contar, um dia escreverei um artigo inteiro sobre as transformações que tive graças a ele. Ao meu marido.

Ansiedades da espera

Deitei-me ansiosa e acordei ainda pior. A manhã começou como já é habitual: CTG às 7h da manhã e novamente com muitas contrações. Seria dos nervos? Durante a noite tive dores no fundo da barriga e nos rins, mas não me queixei. Como tenho andado muito cansada, tentei dormir e acabei por ser bem-sucedida. Talvez fosse só o psicológico a funcionar, não sei. Até porque, não vos cheguei a contar, na semana passada saiu-me o rolhão mucoso e fiquei um pouco assustada, já que durante a gravidez do Rafael apenas tinha saído no dia do parto.  Mas os enfermeiros tranquilizaram-me e disseram que pode sair algumas semanas antes do nascimento.

Agora, às 8h da manhã, estou a escrever-vos antes da ecografia morfológica. Toda esta minha ansiedade tinha razão de ser: a possibilidade de ver os meus bebés e saber como estão. Será que aumentaram de peso? Estarão a alimentar-se bem?O líquido como estará? E, já agora, o colo com todas estas contrações? As dúvidas pairam na minha cabeça e não há nada que me tranquilize neste momento. É que nem vale a pena tentar.

Um Pai de mãos atadas

Tenho partilhado convosco o que sinto diariamente, as minhas batalhas, as batalhas do meu marido e até do meu filho. Muito por alto, falei-vos do que poderiam estar a sentir a minha família e amigos. Hoje, quero escrever-vos sobre a batalha de um pai ao ver a filha no estado em que me encontro há mais de um mês. Quero falar-vos do meu pai e avô destes Birras!

Para quem segue o blogue há algum tempo poderá conhecer já um pouco da nossa relação – única e que sem dúvida quero trespassá-la para os meus filhos.

As histórias da minha história

Ontem, escrevi-vos sobre as grávidas que entravam neste serviço e, apesar da curta estadia, se lamentavam como se não houvesse amanhã. Hoje, quero falar-vos sobre uma situação mais caricata e que está relacionada com visitas inconvenientes. Mas como assim? Perguntam vocês. Preparem-se…

Como neste quarto sou a que está há mais tempo internada, já repeti a minha história dezenas de vezes. E só num dia pode acontecer que entrem ou saiam três grávidas neste espaço Mas até aí tudo bem. A curiosidade é normal e, mais do que isso, a comunicação entre nós é muito importante. Para além da força extraordinária que nos passam os profissionais deste serviço, também é fundamental que nos apoiemos umas às outras. Mas, por vezes,não é só isso que acontece.

Proibido lamentar-me

Aqui dizem que estou sempre com um sorriso na cara, que encaro cada adversidade com muita facilidade e que, por isso, estou a aguentar tão bem. Os meus amigos ficam incrédulos como consigo estar tão descontraída perante tantos acontecimentos, a minha família quando me vê mais cansada estranha logo e acha que já é algo de muito grave. Mas não é. Apenas começo a ficar farta e acho que é perfeitamente normal sentir-me assim. Um mês, minha gente! Amanhã faz um mês que estou internada!!!

As contrações são mais que muitas e os enfermeiros até ficam incrédulos como não me queixo. Todos os dias entram e saem senhoras para ter os seus bebés e, por isso, já conheci mais novas mamãs desde que estou aqui. Uma autêntica viagem pelo mundo sem sequer sair deste quarto: Paquistão, Roménia, Guiné, Angola, Cabo Verde, Brasil. Estas senhoras, ao contrário de mim, permanecem apenas dois ou três dias e, mesmo assim, acabam por chorar, porque não aguentam ficar aqui fechadas. Falam das suas culturas e o quanto lhes faz impressão adaptarem-se à nossa, lamentam-se e contam a sua história, choram constantemente agarradas aos namorados e ao telefone com as mães. Quando ouvem a minha história não querem acreditar e rapidamente me transmitem que não aguentavam. Como assim, não aguentavam? Pela saúde dos vossos filhos não aguentavam? Iriam chorar e lamentar-se diariamente para tudo isso ser passado para eles e dificultar toda a terapêutica para os aguentar o máximo de tempo na vossa barriga? Às vezes tenho mesmo de me desligar dos comentários alheios, porque são muito desmoralizantes.

A Supermãe é a Mulher da minha Vida

Bom, nem sei bem por onde começar. Apenas senti necessidade de escrever e transmitir tudo o que vai cá dentro neste momento tão delicado que estamos a passar.

Já tentei colocar-me na pele da mulher da minha vida centenas de vezes e não consigo sequer imaginar o que está a sentir.

Hoje os nossos bebés fazem 31 semanas. Hoje faz três semanas e dois dias que estás internada. Hoje é o dia do meu aniversário. Faço 32 anos, mas quem está de Parabéns és tu. Só tu!

Hoje chorei. Chorei muito.

Fotografia Dois é Par

A pressão destas semanas acabou por me fazer ceder, inesperadamente, sem dor ou contrações.

Chorei, chorei muito, não o posso esconder. Senti um turbilhão de emoções a invadir-me e não aguentei. Precisava deitar cá para fora tudo o que estava a sentir. Precisava limpar a alma. Perdoem a minha fraqueza, perdoem ter vacilado.

Ontem, o cansaço já se apoderava de mim. Hoje, enquanto tomava banho e a água descia pelo meu rosto, as lágrimas não paravam de cair. Queria gritar, sair daqui, abraçar o meu filho, o meu marido, precisava de um boost energético, porque senti que estava a fraquejar.

Uma batalha diária que não é só minha

Fotografia Dois é Par

Pergunto-me, diariamente, o que estarão a sentir os meus pais, o meu marido, o meu filho. A minha Família.

Entram aqui todos os dias com um sorriso no rosto, ligam várias vezes e nunca manifestam tristeza, descrença ou medo. Mas sei que, no fundo, eles estão de rastos. Sei que não dormem, que rezam diariamente, que choram e que estão esgotados com tudo isto. Percebo nas suas palavras, quando fraquejam, e deitam uma lágrima, percebo queembora acreditem num final feliz, pensam no lado menos bom também. É normal, eu faço o mesmo.

O primeiro dia sem mim

Hoje começa uma nova etapa para muitas crianças. O meu filho passou para a sala dos três anos e, em situações normais, como sempre aconteceu desde que foi para o berçário com apenas seis meses, tanto eu como o pai estaríamos presentes no primeiro dia. É algo que fazíamos sempre questão, até mesmo para tirarmos a nossa foto da praxe. Mas  hoje a Mamã não pôde, por motivos de força maior, ainda que esteja contigo no pensamento e sempre no coração!

Foste muito contente para a escola. Todo entusiasmado com a mochila nova. E eu só queria ter lá estado…Tiraste a foto com o Papá e estavas lindo, como sempre.

Ao super pai e homem da minha vida

Desde que fui internada, que tens sido pai e mãe ao mesmo tempo.
Tentas aguentar tudo, mas sei que fraquejas e que não é fácil.
Durante a noite envias-me mensagens porque não consegues dormir…
Se eu sofro, imagino tu!
Entre as tarefas de casa, visitas ao hospital, reuniões, trabalho, tu ainda és Pai.
Um Pai tão presente.
Um pai que várias vezes ao dia tenta explicar da melhor forma ao filho a ausência da mãe.
Nem sempre consegues, mas não desistes.
Tenho tanto orgulho!