Cheguei a escrever sobre os ciúmes que o Rafael poderia vir a sentir dos irmãos e até sobre a forma de preparar os manos mais velhos para a chegada dos mais novos, mas, sinceramente, foi sempre um tema que me deixou algo apreensiva. Sempre receei que o meu birras mais velho se comportasse de uma forma diferente após o nascimento dos irmãos e não me perguntem porquê. Ele só tem três anos e sempre foi muito ciumento quando outras crianças estão por perto, mas, confesso, estava à espera que fosse pior. É certo que o preparámos durante os oito meses de gravidez e desde o nascimento sempre nos esforçámos para que não se sentisse minimamente excluído, mas a verdade é que o resultado superou, e muito, as nossas expectativas. Ainda que não seja muito justo sermos nós a ficar com todos os louros, porque muito vem da essência especial deste menino que tem tanto de birrento como de amoroso.
O Rafael é um mano extremamente dedicado, que procura ajudar em todas as tarefas que envolvem os irmãos (até de madrugada acorda e quer dar o biberão!). Quando alguém os vem visitar diz logo que têm de lavar as mãos, que só podem dar beijinhos na cabeça e fica horas a falar deles. É o primeiro a levantar-se quando choram, mete-lhes a chucha com muito cuidado, ajuda a dar banho e a meter-lhes creme. Quando vai ás compras quer comprar sempre algo para eles e diz com muito orgulho a toda a gente que tem dois manos, o Diego e a Diana. No carro sente-se o rei, porque vai sentado no meio deles, e sempre que um está a chorar é quem o acalma com palavras amorosas e festinhas. É muito cuidadoso a falar com eles e o meu coração enche-se de orgulho com tudo aquilo que vejo quando estão os três juntos.
Mas, afinal, tem ou não tem ciúmes? É o irmão perfeito? Nada mudou? Perguntam vocês…
Calma…
As birras continuam, claro, e agora até lhe deu para amuar quando não vê as vontades devidamente satisfeitas. Corre para o quarto, fecha a porta e não nos deixa entrar. Quando temos os irmãos ao colo, vem com um jeito meiguinho e pede colo também. Não quer dormir na cama dele porque diz que os manos estão no nosso quarto e também ele é nosso filho, por isso também quer usufruir desse direito.
Na verdade, não me surpreende este tipo de atitudes. Já estava avisada para que isto pudesse vir a acontecer e até me apresentaram, ainda que hipoteticamente, cenários bem piores, tais como um retrocesso na fala, na sua independência, entre outros.
Tenho a certeza que, tal como eu, também vocês param às vezes para pensar na velocidade que os filhos crescem. E é exatamente ao olhar para o Rafa que me assalta mais esta idade de rápida passagem do tempo, da vida. Preciso mesmo de aproveitar ao máximo todos os momentos.
Mas continuando… enquanto dorme contemplo a sua expressão tranquila e sinto um amor inexplicável. Um turbilhão de sentimentos e um orgulho que só nós, mães, sabemos o que é. Antes de sermos mães passamos o tempo a questionar-nos como serão os nossos filhos e posso dizer-vos, sem medo de errar, que o meu birras mais velho superou claramente as minhas expectativas. E tenho a certeza que o Diego e a Diana vão seguir o exemplo do irmão.
Um beijinho
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