Fotografia Dois é Par
Sim, sou a mãe que critiquei e por diversos motivos. Antes da maternidade aparecer no nosso caminho sentimos que somos donas da razão, especialmente quando vemos o caos que envolve outras mães. Quando falo em caos refiro-me às coisas menos boas deste mundo, que parece sempre cor-de-rosa e muitas vezes tem cores bem mais escuras do que pensamos (o raio da palete da maternidade é diferente, bolas!).
Se soubesse o que sei hoje não teria criticado, olhado de lado ou comentado com amigas metade das coisas que presenciei (crescendo e aprendendo!). Ser mãe é muito complicado, não é mesmo nada fácil abraçar este “trabalho” e não ver os contras. Os prós superam? Claramente, mas as coisas menos boas às vezes tendem a equilibrar a balança e é aí que trememos.
Adoro ser mãe, aliás venero quem assume esta responsabilidade e papel, não me imagino ter esta idade e não ter um tesouro nos braços. Ainda por cima estão a chegar mais dois. O medo volta a pairar no ar, mas a vontade de os conhecer, de cuidar deles e, principalmente, de os amar é ainda maior.
Vamos começar pelas críticas à minha própria mãe. É o exemplo mais próximo e, coitada, levou tanto comigo… Ora vejamos:
- Revirava os olhos assim que acordava e já estava a ouvir para me despachar para ir para a escola;
- Arrumar o quarto era assunto recorrente, apesar de eu ser uma pessoa muito organizada nunca era suficientemente bom para ela;
- Estar bem vestida, limpinha, cheirosa, bem arranjada para ninguém falar o contrário era a maior vaidade daquela mulher;
- Música alta, nem pensar! Incomodava os vizinhos e os seus sensíveis tímpanos. Hoje diz-me que tem saudades desses tempos, vá-se lá entender!;
- Brincar com as amigas na rua era uma loucura! E ouvia-a chamar 30 000 vezes por mim, porque não me via, imagine-se! E eu só estava a brincar às escondidas…;
- Tempo contado para tudo. Acho que foi bom ser assim, porque pontualidade é um dos meus pontos fortes;
- O medo constante que a minha mãe sentia que me acontecesse algo. Hoje compreendo-a tão bem…;
- A exigência do bom comportamento, da boa educação com um simples “obrigada” ou “bom dia” era constante e ainda bem;
Tudo isto que acabei de mencionar são coisas que achava secantes e às vezes não compreendia muito bem a importância que tinham para o meu desenvolvimento. Hoje sou mãe, vejo tudo isto de outra maneira e consigo encaixar perfeitamente.
Quando via uma mãe completamente perdida, porque o seu filho estava no meio de uma birra caótica, criticava ao ponto de não perceber porque raio aquele miúdo estava a fazer aquilo e ela não lhe dava duas palmadas. Educação acima de tudo! Qual quê? É preciso bater numa criança para se calar? Funciona exatamente ao contrário, pelo menos comigo. Ele exalta-se ainda mais e a solução, sejamos realistas, nunca é bater.
As mães que optam por não amamentar, porque não está a ser bom para elas, porque raio havia de criticar uma opção que está a proporcionar o mal-estar à mãe e, consequentemente, ao seu filho?
As mães que optavam por colocar os seus filhos na creche com apenas seis meses, pois coloquei o meu com cinco e meio e não me arrependo um único dia.
As mães que dão um chocolate ao seu filho, eu faço o mesmo.
As mães que negoceiam com os filhos determinadas situações, as chamadas chantagens, eu faço o mesmo.
As mães que dão um telemóvel para as mãos dos seus filhos, só para terem minutos de sossego ou conseguirem jantar em paz, eu faço o mesmo.
As mães que deixam os seus filhos sujarem-se, brincarem como índios, eu sou assim.
As mães que limpam os seus filhos com toalhitas, porque não tiveram tempo para dar banho na noite anterior, eu!
As mães que assim que chegam à escola reparam na cara do seu filho mal lavada e rapidamente arranjam solução com as suas mãos e um pouco da sua saliva, poupem-me as “nojentinhas”, ok?
As mães que tiram a bela da foto para postar nas redes sociais, mas por trás daquele momento estão outras 5 000 dele a fazer asneiras. Eu faço.
As mães que mandam um berro quando já não aguentam mais, custa-me imenso, sim, mas faço-o.
Acho que já me alonguei bastante… Mas eu sou assim!
Não sou uma mãe perfeita. Sou uma mãe real e o meu filho ama-me do jeito que sou!
Beijinhos
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