Eles são muito calmos, até ver, mas a amamentação destruiu-me física e emocionalmente. Fizemos, literalmente, diretas para amamentar os dois, quando conseguia tratar de um já eram horas de mamar o outro. A pega não estava a ser feita como deve ser, os mamilos começaram a ficar massacrados e tiveram de me emprestar uns de silicone. O problema é que eram do tamanho L, gigantes para bebés tão pequenos. Quando se deu a descida do leite, as dores tornaram-se horríveis, tentei extrair com a bomba e nada saía, eles não conseguiam mamar e ficavam, para além de esfaimados, claramente impacientes (irei escrever um artigo sobre a amamentação dos gémeos para que entendam, ao pormenor, tudo o que passei e como os implantes influenciaram bastante). Para piorar, eles começaram a beber suplemento e tiveram muitas dificuldades. Engasgavam-se e bolsavam imenso, ao ponto de o pai chegar a correr pelos corredores do hospital em busca de uma enfermeira porque chegaram a deixar de respirar. Tiveram até de ser aspirados, porque tinham muitos restos do parto no estômago e ficavam maldispostos. Conseguem imaginar a nossa preocupação?
No entanto, com diretas em cima, cansada do parto, mesmo assim não conseguia dormir, os meus olhos vidravam naquele pequeno berço e naquelas duas dádivas. As primeiras horas foram desafiantes, mas aguentámos firme. O pediatra veio ao quarto vê-los e estava tudo bem, felizmente, até agora só os ouvi chorar no banho. _Chorar não, berrar! (ahahah).
O dia seguinte ao seu nascimento foi um misto de emoções, porque o pediatra disse que seria melhor os bebés irem para a neonatologia para se perceber o porquê de não tolerarem a alimentação e porque precisavam de fazer fototerapia (estavam muito amarelinhos). Inicialmente, confesso-vos, até fiquei mais descansada, mas assim que meti o pé na Neo desabou tudo. Vê-los dentro de uma incubadora, todos ligados, com alguns bebés ao lado, cada um com a sua história, fez-me tremer. Tive de sair, chorar, lavar a cara e entrar de novo. O Edi foi ter comigo logo de seguida e também tremeu. É impossível entrarmos naquele ambiente e não vacilar.
Existiam 100.000 perguntas a pairar nas nossas cabeças e só queríamos bombardear as enfermeiras e médicas/os para conseguirmos as respostas mais desejadas, mas naquele momento era impossível. Análises feitas e está tudo bem, graças a Deus, não existia nenhuma infeção.
Só um aparte: algumas pessoas ainda pensam que a neonatologia é apenas para prematuros, mas estão bem enganadas. Junto aos nossos tesouros estava uma bebé que nasceu às 41 semanas e estava exatamente com o mesmo problema, não tolerava a alimentação e vomitava tudo.
Eles tiveram de ser aspirados com uma sonda. O Diego deu a volta mais rápido e passados três dias subiu para o quarto comigo, a Diana ficou mais um dia. Sei que dizem que as meninas são mais despachadas nestes casos e, na realidade, foi isso que aconteceu, ela subiu para junto de nós e já não precisou de quaisquer cuidados. O Diego, infelizmente, voltou a precisar de fototerapia. Se com um existe tanta preocupação, imaginem com dois. Ultimamente, não tenho ganho para os sustos.
Felizmente tudo correu bem e, no dia em que fizeram uma semana, tivemos alta os três. Fiquei muito contente e só estava desejosa de ir para casa, ganhar uma nova rotina, estar com o meu birras mais velho e ver a sua reação.
Tenho muitas coisas que quero partilhar convosco: a reação do Rafa quando entrou na Neo e viu os irmãos pela primeira vez, o regresso a casa, todas as peripécias e preocupações que se seguiram, como são as noites, como é a nossa logística, etc. Continuem desse lado, como sempre, e obrigada pelo vosso carinho.
Agora vou babar-me mais um pouco para cima dos meus três birras, o meu maior orgulho!
Beijinho
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