Fotografia Dois é Par
Hoje faço anos. São já 32, recheados de histórias. E, acreditem, se me contassem lá atrás todas as experiências que iria viver, não acreditaria!
Em criança era bastante rebelde (o Rafa tem a quem sair), e em jeito de “bora lá fazer um throwback” vou começar por contar-vos uma peripécia que comprova este meu temperamento.
No dia do meu primeiro aniversário, os meus pais decidiram batizar-me. A meio da missa, começo a correr pela igreja e, ninguém me conseguia fazer parar, até que chego ao altar e decidi ser uma “super mulher”. Voei, praticamente, sob uns 5 degraus, bati com a cabeça no chão e lá fui eu parar ao hospital. Os convidados, cheios de fome, foram para o restaurante como se nada fosse. Mas, não se preocupem! O aparato foi grande, mas depois voltei apenas com um “galo” na testa e pronta para festa! Ou não fosse eu uma verdadeiramente “Drama Queen” (desde pequenina)! 🙂
Poderia contar-vos inúmeras histórias sobre a minha infância, mas não quero maçar-vos nem perceber, mais uma vez, que o pestinha aqui de casa tem mesmo a quem sair de tão reguila que é (e de tão reguila que fui). Conto-vos apenas que, durante meses, fiz birras porque queria uma vaca na varanda para me dar leite fresquinho todos os dias (a culpa foi da minha mãe que me obrigava a ver a Heidi).
Continuando. Já na pré-adolescência, talvez a fase mais complicada para os meus pais (pobres coitados!), as birras continuaram (na verdade até hoje). Com apenas 12 anos meti na cabeça que queria fazer um piercing no umbigo, e não desisti até conseguir convencer o meu pai que acabou por ceder por perceber a minha persistência (eu ia fazê-lo a bem ou a mal) e por saber que, na verdade, tinha sempre sido boa miúda (a par da rebeldia, natural nestas idades). O meu pai sempre foi permissivo, é verdade, mas foi também o meu melhor amigo e confidente. Em todos os momentos esteve lá, desde as noitadas em que saía à noite e ele esperava no carro para me levar para casa mais as minhas amigas todas, até quando precisava apenas de um colo e um abraço de aconchego ou um sorriso. Para mim sempre foi o melhor pai do mundo, não é um cliché, digo-o porque nunca conheci nenhum igual. Já a minha mãe sempre foi mais conservadora e protetora, mas é uma grande amiga também apesar de chocarmos algumas vezes por sermos muito diferentes.
Desde pequena que sempre fui muito independente; comunicativa; despachada; prática; segura; aventureira; positiva; simpática; educada. Tudo valores passados pelos meus pais.
Era também muito extravagante. E foi no secundário, através de um grupo de dança que tinha com algumas amigas, que exteriorizei este meu lado. Adorava dançar e marcar uma diferença através da minha imagem e atitude, e a maioria das raparigas achavam-nos “snobs” por isso. Coisas de miúdas, os problemas na altura eram estes. Hoje, sou amiga de muitas destas raparigas que me olhavam de lado e uma delas até se tornou a minha agente. Se me dissessem isto há uns anos atrás, não acreditaria!
Ao chegar a altura de entrar para a Universidade, balancei entre o Direito e o Jornalismo. A Comunicação venceu, e acabei por licenciar-me nesta área. Comecei a escrever para um jornal; fiz reportagens, entrei no CC Casting e também no casting para apresentar o Rock in Rio; apresentei magazines culturais; entrevistei figuras de renome a nível nacional e internacional; viajei pelo mundo, dando a cara por um programa de turismo; fiz publicidade; e dei a voz em documentários, entre outras coisas mais. Ufa! Que canseira! Realizei uma série de sonhos e fui feliz a fazer o que mais gostava e fazia sentido na altura.
A par com esta altura, aos 18 anos, encontrei a minha cara-metade. Era Verão, estávamos numa discoteca, trocámos olhares e, até hoje, nunca mais nos trocámos. Trocámos apenas alianças num balão de ar quente. A celebração de amor perfeita para este amor perfeito para nós.
Aos 28 anos, descobri o maior amor da minha vida (e também a maior aventura). Fui mãe do Rafael, e uma nova e melhor Marta nasceu.
Foi aos 30 que decidi despedir-me de um trabalho seguro, para me dedicar à minha família e criar esta página que tantas coisas boas já me está a dar.
Aos 31, descubro que estou grávida de gémeos. Hoje estou com 6 meses e meio de gravidez, à espera da Diana e do Diego, mais dois birras para se juntarem à minha família. A família com que sempre sonhei.
No meio de tanta história, a melhor história será aquela que os meus filhos vão contar sobre mim. Espero que não se esqueçam de referir, com orgulho, que a mãe foi uma aventureira nata, que saltou de para-quedas a mais de 300km/h; que fez rafting no rio Jordão na fronteira com a Síria; que fez voos acrobáticos; que se perdeu pelos recantos de Israel e quase foi raptada por um suposto “médico”; que esteve em temperaturas de -30º e sobreviveu (apesar de ter chorado o tempo todo); que ia morrendo afogada numa tempestade em Moçambique; e que viajou por grande parte do mundo a fazer o que mais gostava. Mas, acima de tudo, quero que não se esqueçam de dizer que não hesitei na hora de os escolher e que por eles preferi a incerteza de uma profissão pela certeza de os poder ter por perto e mais tempo (sem qualquer remorso).
São 32 anos, e eu sinto-me tão grata por tudo o que vivi.
Esta barriga de aparência de nove meses não me deixa ir festejar, como antes festejaria, mas deixa-me muito mais feliz. Estou de Parabéns e gostava de agradecer-vos também por estarem desse lado e fazerem parte desta história.
Beijinhos muito grandes desta gaiata de 32 anos que não deixa de fazer birras mas que transborda amor!
Sem Comentários