O caos da quarentena - Birras em Direto

O caos da quarentena

Vocês vão acompanhando as publicações que faço onde vos conto como são os nossos dias. São realmente caóticos, uns momentos mais calmos, outros mais agitados, outros com birras, outros com gargalhadas, outros de muito cansaço, gritos, arrependimento no segundo seguinte… Tudo aquilo que uma família tem direito. Não é por mostrar fotos com lindos sorrisos que a nossa vida é perfeita e já me conhecem um bocadinho para saber que as partilhas que faço são reais e mostram o lado menos bom da maternidade. O certo é que tento sempre ver também o lado positivo da situação mas durante a quarentena foi muito difícil. Acordava com a certeza que naquele dia não ía levantar a voz, não me ía chatear com os miúdos, iria conseguir arrumar a casa e limpar, fazer refeições saudáveis, fazer atividades com eles, exercício físico e ainda trabalhar – sim porque estou em teletrabalho desde o início. Eu juro que acreditei neste milagre durante alguns dias ahahah mas não foram muitos.

A foto do artigo foi tirada às 10h da manhã de um desses dias de confinamento e já tinha cantado o fungagá da bicharada, eu vi um sapo, o areias é um camelo, papagaio loiro, o malhão malhão, na quinta do tio Manel… Eu e o Rafa já tínhamos feito as atividades da escola enquanto os manos tiraram 500000 tapperwares da gaveta… Já tinha arrumado e limpo a casa toda… Fiz panquecas e devo dizer-vos que foram quase todas devoradas mas o chão da cozinha estava cheio de migalhas e não sei como 🙈 A Diana já tinha batido com a testa na gaveta da cozinha, o Diego já tinha comido metade de um giz… E ainda só estávamos no início do dia, imaginam até irem para a cama certo?

Foram dias de muito stress e muita frustração. À noite lia artigos de pediatras e terapeutas sobre esta nova realidade com crianças e todos diziam que os Pais exigiam demasiado de si. Concordo, eu sou muito exigente enquanto Mãe, Esposa, Profissional e Mulher e sinto que tudo tem de bater os 100% mas é impossível e nós acabamos por nos magoar, por sentirmos que não temos capacidade de chegar a todo o lado. Alguém me explica como é que eu conseguia escrever um artigo, ter de estar concentrada para criar e não dar um único erro gramatical ao mesmo tempo que tinha três pestes em cima de mim aos gritos? Trabalho num jornal de economia, no departamento de branded content onde diariamente lidamos com grandes marcas e não podemos cometer erros, não podemos deixar escapar informações. Foi e continua a ser um desafio diário. Felizmente tenho uma grande equipa, bastante unida e temos conseguido corresponder às expectativas.

Em breve vamos mudar de casa para uma maior, estamos num t2 e somos 5 – é demasiado pequeno para nós. Se antes de sermos obrigados a ficar em casa já estávamos a delirar com o pouco espaço e tínhamos de sair constantemente para não nos passarmos, então quando o confinamento se deu aí é que eu desesperei. Os miúdos estavam bem mas gostam muito de brincar ao ar livre e a varanda que temos não é nada de especial para três crianças conseguirem gastar energias.

Estamos ansiosos com a mudança de casa. Querem que faça mais artigos sobre isto certo? Tenho recebido muitas mensagens a pedir. Mas posso adiantar que vamos para mais longe de Lisboa, não muito, uns 20/30 minutos, será numa zona de campo pois a procura pela calma é prioridade. Sabiam que nesta fase que estamos a viver com a pandemia do novo coronavírus, a procura por moradias cresceu imenso? Conheço muitas pessoas com e sem filhos que estão a mudar de apartamentos para vivendas pois perceberam a importância do espaço exterior numa casa.

Mas voltando ao caos da quarentena, posso dizer-vos que tive de falar com as educadoras dos meus filhos e dizer que não faria mais atividades pois eram impossíveis de concretizar… No final do dia já não tinha comida no frigorifico nem na dispensa pois os meus filhos parece que tinham um buraco no estômago… Já não me podia ouvir pois passava os dias a ter 30 0000 ataques cardíacos das asneiras que eles faziam… Os putos na maior e os pais à beira de um ataque de nervos.

Eu e o Pai precisamos de um retiro e tenho a certeza que vocês também. Vamos combinar? MAS SEM birras por favor! O problema é que somos tão pais galinha que depois ficamos cheios de saudades deles e com remorsos de não estarem connosco. Quem é que nos vai entender? ahahahah

Contem-me como foi a vossa quarentena.

Beijinhos

Marta Rodrigues

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