A Dinora vive no Lubango, uma cidade no sul de Angola, tem 30 anos e é Mãe de dois bonequinhos, o Daniel com 4 anos e a Daniela com 7 meses.
Hoje, a Dinora é Mãe a tempo inteiro! Mas e antes? Antes da maternidade?
Durante 8 anos trabalhou como hospedeira de bordo, não era o seu emprego de sonho mas tornou-se uma grande paixão. No entanto, a notícia de que iria ser Mãe mudou a sua visão!
Quantas e quantas Mães conciliam a maternidade com a vida profissional e sacrificam uma delas? A escolha às vezes não é a melhor mas não há volta a dar. As mães precisam de trabalhar para dar uma boa vida aos seus filhos, para lhes dar o que comer, o que vestir, onde dormir… E o resto? E o tempo? E a disponibilidade para eles? E a paciência e a energia que ficam durante o dia no trabalho? A atenção que eles precisam, onde está? Às vezes, nós Mães, somos as Super-Mulheres e conseguimos conciliar tudo da melhor maneira… Mas outras vezes, quando o trabalho prejudica a maternidade, a família, a saúde…aí sim vamos ter que ir buscar forças onde não sabemos e abdicar do que nos faz mal!
A Dinora deu uma volta de 180º na sua vida e conta-nos como foi…
Dinora sempre sonhaste ser mãe?
Sim! Pode parecer cliché,mas acho que nasci para ser mãe.
Como reagiram no trabalho quando deste a notícia?
Ficaram muito contentes. Segundo alguns colegas já estava na hora.
Quantos meses ainda trabalhaste durante a gravidez?
Não podemos trabalhar durante muito tempo, tanto pelo lado estético como pela própria saúde. Voei apenas até aos 3meses, depois fiquei em casa porque o trabalho assim o permitia.
Tomaste uma decisão muito importante para a tua vida. Decidiste despedir-te!
Sim. O Daniel nasceu em Setembro de 2013 e recomecei a trabalhar em Fevereiro de 2014. Voei durante 5 meses mas não conseguia mais. A ideia era pedir uma licença sem vencimento mas quando me foi negada não pensei duas vezes e desisti. Era muito difícil viver no Lubango, ter de ir a Luanda para trabalhar e ficar quase 10 dias fora de casa sem ver o meu filho. Isso estava a acabar comigo! Fiz imensos voos a chorar, extremamente triste e morria de medo de não estar presente a cada descoberta dele. Claro que as mães trabalham e tenho colegas com filhos que continuam a voar, a avó pode cuidar ou até mesmo uma tia, não as julgo. Cada mãe sabe o melhor para o seu filho mas comigo não iria resultar. Sempre quis ser mãe e estar presente. Tenho saudades sim…Mas não me arrependo da minha decisão.
O que sentiste quando pegaste no Daniel pela primeira vez?
Não consigo explicar! Só sei que no dia em que ele nasceu, eu renasci! Uma felicidade extrema ao saber que fiz algo tão perfeitinho e uma insegurança gigante por não poder protegê-lo de tudo. Fiquei com ele em casa até aos 28 meses, só depois foi para a creche.
Como reagiu o Daniel quando andou de avião pela primeira vez?
O Daniel andou de avião logo com um mês e meio, porque ele nasceu em Portugal e depois tivemos de voltar para casa. Dormiu e esteve sempre bem durante a viagem, mas acho que essa vez não contou. Viajamos duas vezes por anos desde que ele nasceu e são viagens longas (não conto com as viagens do Lubango para Luanda pois essas são de apenas uma hora e fazemos inúmeras por mês). As viagens mais frequentes em família são para Portugal ( voo de 7h ) e para o Dubai ( 7h30m ). Viajar apenas se tornou um desafio quando o Daniel começou a andar, nunca queria estar sentado, só queria estar de pé e andar pelo avião mas nunca teve medo. A partir dos 2 anos ,quando já se sentava na sua cadeira sempre pôs o cinto sozinho, comia bolachas, espreitava pela janela a ver as nuvens (pô-los à janela é um truque fantástico), via desenhos animados, jogava… Não dormia durante as viagens de dia mas à noite conseguíamos que ele descansasse um pouco. Houve uma fase em que me dava a mão nas aterragens e nas descolagens mas da mesma maneira que começou a dar deixou de dar!
Como tem sido a experiência de criar os teus filhos no Lubango, pois já viajaste pelo mundo e conheces outras realidades?
Até gosto de criar os meus filhos no Lubango, embora gostasse que tivesse mais oferta para as crianças, acho que ainda estamos muito limitados mas à parte disso adoro o ambiente familiar e a calma desta cidade. Se me perguntassem se mudaria algo, diria que o Lubango precisa de mais escolas, mais atividades extra-curriculares, a saúde ainda é muito precária… Mudaria imensa coisa sem dúvida!
Como é o Daniel?
O Daniel é um menino lindo que adora cantar, dançar, fazer legos e puzzles. É carinhoso quando quer e sabe surpreender assim do nada. Também tem os seus dias de neura quando não quer nada, não quer comer, não quer dormir, não se quer vestir, não quer falar e por aí, típico de um miúdo de 4 anos. Adora a creche, os colegas e adora fazer anos.
A Daniela nasceu quando o Daniel tinha 3 anos. Como correram as coisas?
Correu tudo bem, eu é que não sabia se conseguia dar conta do recado. Cuidar da Daniela e continuar a estar presente para o Daniel e devo confessar que ele estava difícil nessa altura, birras atrás de birras, estava mal comportado, fazia coisas que nunca tinha feito. Falámos com a pediatra e ela disse que era normal e devia ser mesmo só da adaptação porque graças a Deus tudo passou.
És uma Mãe muito elegante. O que fazes para manter a linha?
A minha receita ideal é dar de mamar, consigo sempre voltar ao meu corpo quando amamento. Claro que ajuda ser magra por natureza mas com duas gravidezes até o corpo das magras sofre alterações, depois é só manter. Não sou muito fã de ginásios mas adoro dançar, descobri a Zumba que adoro e ajuda a manter a linha.
O teu marido é proprietário do Kopus Klub, uma discoteca no Lubango. É fácil conciliar esse negócio com a família?
O negócio do Miguel é difícil, existem vários momentos em que me exalto, principalmente agora com 2 filhos. Parte-me o coração pensar que não estou a dar conta do recado sozinha com os dois. Os nossos fins de semana são diferentes dos das outras famílias. O pai dorme até tarde porque trabalhou a noite toda e eu tenho que os entreter, arranjar programas sozinha e isso custa mais, mas tem de ser. Não é fácil para uma mãe nem para uma mulher pois queremos estar sempre com o nosso marido e que os nossos filhos usufruam de momentos de qualidade com o pai e é difícil, é muito cansativo.
Nos dias de hoje achas que é fácil conciliar a maternidade com a profissão?
Depende da profissão e do que tens que abdicar em casa por ela. Se for algo que não tenha horários, que te possam chamar a qualquer hora já começa a entrar em conflito com a maternidade e consequentemente com a vida familiar.
Que conselhos darias às Mães que sentem a maternidade prejudicada pelo trabalho?
Para repensarem se a profissão que exercem vale a pena o tempo perdido com os filhos… Se o dinheiro que ganham e que muitas vezes usam para comprar brinquedos desnecessários compensam a falta que eles têm dos pais…Claro que não compensa…Nada compensa a nossa ausência na vida dos nossos filhos! As brincadeiras, as conversas, as histórias antes de dormir, os abraços e beijinhos, as pequenas conquistas, tudo isto e muito mais…Quem irá tapar esta lacuna na vida deles? O pior de tudo é que o tempo não volta atrás e o que perdemos já foi. Quando dermos conta disso é tarde demais e a tristeza vai ser o sentimento que nos vai invadir futuramente!
Repensem e analisem em família porque o mais importante é ela…É a nossa família 🙂
Estou à tua espera também no Instagram e no Facebook
Só tens de me seguir
Bastante interessante, a Dinora é uma fofa mesmo… Vivo no
Lubango à 8 anos e vim p cá por questões familiares, está cidade precisa mesmo de mais escolas, mais actividades extra- curriculares até para os mais crescidinhos. Esta entrevista veio mostrar-nos que vale a pena fazer escolhas pelo nosso bem mais querido, os nossos filhos!!
Ainda bem que gostaste Cristina 🙂 Um beijinho muito grande
Gostei muito deste post e da entrevista. A DInora é realmente muito elegante e tem uma família linda! Obrigada pela partilha.
Beijinho,
Joana Neves
http://jnemparis.blogspot.com
Obrigada Joana 🙂 Beijinhos grandes