Deitei-me ansiosa e acordei ainda pior. A manhã começou como já é habitual: CTG às 7h da manhã e novamente com muitas contrações. Seria dos nervos? Durante a noite tive dores no fundo da barriga e nos rins, mas não me queixei. Como tenho andado muito cansada, tentei dormir e acabei por ser bem-sucedida. Talvez fosse só o psicológico a funcionar, não sei. Até porque, não vos cheguei a contar, na semana passada saiu-me o rolhão mucoso e fiquei um pouco assustada, já que durante a gravidez do Rafael apenas tinha saído no dia do parto. Mas os enfermeiros tranquilizaram-me e disseram que pode sair algumas semanas antes do nascimento.
Agora, às 8h da manhã, estou a escrever-vos antes da ecografia morfológica. Toda esta minha ansiedade tinha razão de ser: a possibilidade de ver os meus bebés e saber como estão. Será que aumentaram de peso? Estarão a alimentar-se bem?O líquido como estará? E, já agora, o colo com todas estas contrações? As dúvidas pairam na minha cabeça e não há nada que me tranquilize neste momento. É que nem vale a pena tentar.
Compreendam que, estando internada há mais de um mês, não há muitos acontecimentos por estas bandas, tirando os sustos que estes Birras me pregam. Não sei como irei estar depois da ecografia e nem sei se terei vontade de continuar este texto, mas julgo que, por estas palavras, conseguem acompanhar o meu estado de espírito.
As borboletas teimam em voar daqui para fora, tenho sono, fome, dói-me a cabeça, o estômago e não consigo perceber porque me sinto assim, é apenas mais uma ecografia. Já me disseram que, se tudo corresse bem, até às 34 semanas poderia ir para casa fazer repouso. Não é o mesmo do que estar aqui, mas fiquei muito contente com a noticia. Já estou farta, cansada das mesmas coisas e sei que o hospital da minha zona também é ótimo e recebe bebés a partir desta idade gestacional. Mas, ao mesmo tempo, só queria sair daqui com eles nos braços. Sentia-me mais segura. Agora vou fechar os olhos um bocadinho e continuar a ouvir a minha companhia dos últimos dias, a Mariza com a música “Quem me dera”. Sabiam que também ela foi uma bebé prematura e teve o filho prematuro? Numa grande entrevista que lhe cheguei a fazer soube desta história e tocou-me imenso. Agora, sempre que a oiço, lembro-me e dá-me força.
…
São 9h da manhã e a doutora já me chamou para fazer a ecografia. E os níveis de ansiedade continuam nos píncaros! Aguardo alguns minutos e logo me indicam que esta médica não é de muitas palavras, até mesmo um pouco antipática. A ver vamos como corre.
Rápido, muito rápido e, sim, a médica não era nada simpática. Deve ter dito umas 20 palavras, mas disse o que queria ouvir. Os Birras estão ótimos! O líquido está bom, o colo diminuiu, e está com 23 mm, e o afunilamento continua (não é o melhor, mas também com as contrações que tenho não é nada mau). O Diego está com 1801kg e a Diana com 1778kg. Tenho tantas perguntas… E bem tento coloca-las, mas a médica não responde. Nem vale a pena insistir, porque, com este meu feitio, também sei que iríamos chocar. Falo depois com a médica que fizer a visita ao quarto e com os enfermeiros, os meus queridos enfermeiros.
Que descarga de energia. Até parece que corri uma maratona. São 32 semanas, e três dias, rumo às 33 e depois virão as 34. Nem quero acreditar que cheguei até aqui! Estes malandros estão os dois com as cabecinhas encostadas a fazerem uma pressão danada para sair. Vamos lá, Birras, quem esperou até agora, espera mais um pouco!
Nota: Acabo de saber que entrou uma senhora para fazer cesariana. Adivinhem? Grávida de gémeos! Com 39 semanas e 3 dias (4 e 5 filho). Nem sabia que poderiam chegar tão longe! Que bom!
Um beijinho
Querida Marta, a nossa Carolina nasceu com 1.600kg!!! e fez se uma matulona linda que ela so!!!! beijosss