Todas as Mães têm pânico que os filhos cresçam demasiado rápido. Parecemos um pouco “bipolares” no que toca a este assunto, pois queremos que cresçam saudáveis, que acompanhem sempre o ritmo normal do desenvolvimento, que não fiquem para trás comparativamente aos seus amiguinhos mas ficamos cheias de medo que cresçam depressa demais e que não consigamos aproveitar cada momento ao seu lado.
Cada segundo é precioso e se por um lado precisamos de espaço para estarmos sozinhas e fazermos as nossas coisas, por outro lado, quando o estamos a fazer ficamos cheias de saudades e com uma vontade enorme de estarmos com eles, de os abraçarmos, beijarmos, de os sentirmos no nosso colo… Mas que raio de sentimento contraditório é este?
Hoje queixamo-nos que estão pesados para andar ao colo e que não se podem habituar mal, mas daqui a uns anos pedimos para que queiram novamente o colo da Mãe.
Afinal o que queremos nós? Que sejam felizes, que tenham a sua liberdade com consciência e que sejam para sempre os nossos bebés, por mais que cresçam e que fiquem com vergonha dos beijos da Mãe à frente dos colegas. Nem consigo imaginar esses momentos, quando lá chegar vão partir-me o coração.
Hoje o meu filho tem 2 anos, quando o deixo no colégio chama por mim, abraça-se, dá-me mimos, beijos e pede para ficar com ele, daqui a uns anos tudo isso desaparece e só querem estar com os amigos, estar no seu mundo…
Assusta-me sim que o tempo passe depressa demais…sinto-o a voar…Será bom? Será mau?
Ainda ontem o sentia na barriga, hoje já fala, brinca e faz tudo sozinho, já está enorme, já está um menino lindo!
Tento aproveitar o tempo ao máximo mas o tempo tem de ser de qualidade! É IMPERATIVO… Passamos o dia a trabalhar, eles estão mais tempo na escola do que connosco. O que adianta eles estarem em casa na nossa companhia se constantemente estamos ao telemóvel? Se só queremos ver tv? Se os mandamos para o quarto brincar sem estarmos presentes?
O nosso ritmo é alucinante, as exigências profissionais são enormes e a disponibilidade para estarmos com eles é cada vez menor! Sei que chegamos a casa tarde, cansados e sem energia. E que culpa têm eles? Eles anseiam pelo momento da nossa chegada, pelo abraço do conforto, pela certeza que a Mãe voltará a buscá-los à escola.
Sim temos banhos para dar, jantar para fazer, um dia novo para preparar… E que tal inclui-los em todas essas tarefas?
O meu filho tem 2 anos e sempre fiz com que fizesse parte do dia-a-dia… Ele adora ajudar, adora sentir que faz parte de todo o processo… Quando lhe peço para fazer algo fica todo contente!
Ao fim de semana tento sempre sair com ele, quando o Pai está a trabalhar vamos na mesma, ele ajuda-me com as compras, passeamos, andamos de bicicleta, lemos livros, brincamos com carros, com bonecos, sim deixo-o ver filmes e desenhos animados também os vi em criança e sei bem o fascínio que provocam. Birras são inúmeras mas não desisto. Há dias melhores outros piores, só temos de continuar lá para eles!
Temos de definir as nossas prioridades e saber dizer não, saber quais os limites! Durante muito tempo permiti que as prioridades fossem profissionais, até que cheguei ao meu limite emocional, familiar e de saúde! A minha vida estava de pernas para o ar, não sabia como organizá-la e o meu filho estava a sofrer com a minha ausência, para além de física, mesmo quando estava presente, estava ausente, se é que me percebem!
TIVE DE DIZER BASTA…Dei uma volta de 180º na minha vida, deixei para trás uma das coisas que mais amava, uma adrenalina que me corria nas veias, deixei para trás o meu emprego que estava a exigir muito de mim e eu não conseguia conciliar com a minha família, com o meu bem estar…. Eu amava o que fazia, ainda amo e muito e não vou desistir…Vou conseguir fazer o que me move profissionalmente sem provocar danos na minha vida pessoal e familiar!
Quando dermos por isso já são adolescentes e perguntamos como foi possível que quase não nos apercebêssemos de todo o tempo que passou… Se soubéssemos o que iríamos sentir no futuro talvez agíssemos de forma diferente. Sei que estou certa.
Tudo depende de nós, da nossa organização, da nossa disponibilidade, do tempo de qualidade que passamos com eles. Temos compromissos no nosso trabalho em que não podemos falhar não é? Então também temos esse compromisso com eles… Vamos falhar com as pessoas mais importantes da nossa vida?
O Rafael é muito Mãe, dizem que os meninos são vidrados nas Mães e eu admito que aqui em casa é verdade, mas o Pai é igualmente idolatrado… Durante uns tempos o Pai andava um pouco ausente porque estava a trabalhar bastante e já aconteceu o contrário claro. Então o Rafael estava muito habituado à minha presença em tudo, quando o Pai voltou ao seu dia a dia normal e começou a integrar-se novamente na rotina familiar, o Rafael estranhava e pedia para ser eu a fazer tudo. E porquê? Pelo hábito claro.
A proximidade diária melhora a relação, aproxima-nos, cria boas referências, melhora a confiança, a auto-estima, a disciplina…
Hoje quando um de nós precisa de se ausentar por algo tem de ser tudo muito bem explicado mas ele nunca fica sozinho ou com o sentimento de abandono, quando não tem a atenção da Mãe, tem do Pai, quando não pode também tem dos Avós, etc etc
É importante um bom acompanhamento durante o seu crescimento! Um dia vamos olhar para trás e ao contemplarmos aquela foto em que os envolvíamos em segurança nos nossos braços…nesse dia vamos chorar…e não pode ser de tristeza…tem de ser de alegria! As lágrimas serão de orgulho pelos Homens e Mulheres que os nossos maiores tesouros se tornaram!
Cresce meu filho…Cresce mas sempre comigo a ver cada passo que deres… O mais pequenino detalhe da tua vida será muito importante para mim! Acredita!
Beijinhos
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