Perdi a noção de quantas vezes me perguntaram se estava a amamentar os gémeos e decidi fazer um artigo sobre o tema. Atenção, este texto reflete apenas aquela que foi / tem sido a minha experiência. Em nenhum momento estarei a generalizar seja o que for.
A amamentação do Rafa já tinha sido um processo complicado, porque não tive um bom acompanhamento no pós-parto, era “marinheira de primeira viagem”, não sabia o que significava uma boa pega para o bebé e, consequentemente, não sabia se ele estaria bem alimentado. Naturalmente, o Rafa perdeu mais de 10% do peso esperado nos primeiros dias. A descida do leite deu-se cinco dias após o seu nascimento e até lá foi introduzido suplemento. Ao que parece, os meus mamilos não eram bons para a pega por não serem proeminentes. Tenho implantes e, mal desceu o leite, tive dores horríveis, chorava de manhã à noite, porque estes estavam a fazer uma grande pressão. Ainda assim, aguentei até aos dois meses e meio que o Rafael mamasse no meu peito e bebesse suplemento.
No caso dos gémeos, a amamentação foi ainda pior. E acreditem que estava tão confiante desta vez. Durante o internamento falei com vários enfermeiros sobre o tema e tirei todas as dúvidas, achei que, por isso, estava bem informada e cheia de força para que corresse tudo bem.
Fui muito bem acompanhada pelas enfermeiras, mas, novamente, nada correu como o esperado. Os meus mamilos já sangravam, doíam horrores e, para além do constante choro dos gémeos por não conseguirem saciar a fome, era uma frustração para mim todas aquelas tentativas falhadas. Passava a vida a dar-lhes mama e nem sequer conseguia dormir, porque nunca tiravam o suficiente e não a largavam.
A descida do leite dá-se e este chegava a escorrer-me pelo corpo, porque eles não conseguiam mamar. O peito estava de tal forma em pedra que nem com massagem no banho a coisa melhorava. Fiz gelo, massagens, coloquei o mamilo de silicone, tentei tirar com a bomba, mas nada parecia dar resultado. Como seria possível ter tanto leite e a bomba não conseguir extraí-lo e eles não conseguirem mamar? Fui vista por médicos e enfermeiros, todos perceberam que não valia a pena insistir: os ductos deviam estar entupidos com a pressão dos implantes ou teriam sido cortados durante a operação que fiz ao peito.
Só vos posso dizer que foram dias bastante difíceis. A sensação de ter leite e não conseguir alimentá-los devidamente era desesperante e fazia-me chorar todos os dias.
Não sou fundamentalista quanto à amamentação e, também por isso, decidi secar o leite. As médicas e enfermeiras, ao verem o meu sofrimento, também concordaram que seria o melhor a fazer. Desde então, os gémeos bebem leite artificial e estão ótimos!
Dou os meus parabéns a todas as mamãs que conseguiram amamentar, sobretudo as que tiveram gémeos. Para mim, a descida do leite e tudo o que envolve este processo foi bem pior que as dores do parto.
Fiquei triste por não conseguir na altura, mas hoje já passou.
Um beijinho grande
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