Gritos e mais gritos estragam a auto-estima de uma criança, mexe com a sua personalidade e podem ter a certeza que no futuro dos nossos filhos esses comportamentos irão ter um forte impacto.
Eles levam-nos à loucura com as suas birras, as suas asneiras e com muitas outras situações que ninguém nos preparou para lidar e saber resolver. Ficamos frustradas, sentimos que falhámos na educação, que o nosso filho é mal educado e os outros são sempre melhores…
E depois dos gritos, da palmada vem a culpa, vem o martírio na nossa cabeça e é aí que metemos a mão na consciência e questionamos se não haveria outra solução, chegamos mesmo a prometer que para a próxima não iremos descer tão baixo com eles.
Mas a promessa não é cumprida, não conseguimos, é mais forte que nós, parece que é uma força que vem do interior e que não chegamos a controlar. Vacilamos e a situação descamba, mais gritos e mais palmadas.
Bola de neve é como descrevo esta situação. Eles não aprendem com atitudes agressivas e todos nós sabemos que agressão gera agressão tal como amor gera amor.
Somos nós os responsáveis pela sua educação, embora eles nasçam com a sua personalidade, eles serão o nosso espelho no futuro.
Lembrem-se das atitudes dos vossos pais, de quem vos criou e educou, vocês certamente serão esse reflexo.
A minha história…
Vou contar-vos o meu caso. O meu Pai é uma pessoa extremamente otimista, extrovertida, com uma enorme força interior, tem uma mentalidade jovem, vê sempre o lado positivo das coisas mesmo nas piores situações e transmitiu-me desde sempre uma grande segurança. A minha Mãe por outro lado é uma pessoa muito introvertida, insegura, não gosta muito de socializar e de festas, prefere passar dias inteiros em casa, pois é o seu refúgio e onde se sente mais confortável. Na realidade tenho muito mais do meu Pai que da minha Mãe, mas a insegurança? Essa sim vou buscar ao lado maternal. Se por um lado sou confiante, positiva, tenho uma garra e uma força capaz de mover o mundo, às vezes duvido de mim, daquilo que sou capaz, sinto-me insegura, tenho um medo gigante de falhar. Por a minha Mãe ver sempre o lado negativo das coisas, desconfiar sempre de tudo e todos e exigir sempre muito de mim sem ficar satisfeita a 100%, hoje faz-me sentir que nunca consegui ser realmente boa para ela. Gerou em mim uma revolta e fez com que me aproximasse mais do meu Pai. O Amor é igual para ambos mas a cumplicidade essa é diferente. E sim isto sou eu…
Sabiam que um grito é uma agressão psicológica? Que um grito é tão forte para uma criança como uma palmada?
Se estivermos constantemente a gritar com os nossos filhos, eles não se sentirão valorizados e na cabecinha deles pensarão que nunca serão suficientemente bons para nós e irão estar desafiar-nos cada vez mais.
Seguem algumas dicas para deixarmos de gritar com os nossos tesouros:
- Afastem-se
Quando a situação estiver a descambar, afastem-se, respirem fundo e contem até 10, a respiração é muito importante nestes casos para não perdermos a calma e elevar os níveis de ansiedade, pensem na tática de acabar com a situação e implementem, falem baixo, baixem-se à sua altura e não coloquem um tom agressivo nas palavras. Ao manifestarem-se de forma calma vão criar empatia e cooperação da parte do vosso filho.
2. Oiçam o vosso filho
Percebam o lado do vosso filho, façam-lhe perguntas e tentem entender o porquê dele agir daquela maneira, pode ser que consigam chegar a uma conclusão mais facilmente e não se esqueçam de mostrar também o vosso lado.
3. Coloquem-se no lugar do vosso filho
Muitas vezes estamos a ter um dia mau e descarregamos em cima de quem não merece, como eles são os mais próximos e mais indefesos, são eles o nosso alvo. Os nossos filhos também têm direito a dias menos bons, por alguma razão não se comportam da melhor forma, ou porque têm sono, ou fome, ou estão cansados, ou frustrados com alguma situação. Tentem colocar-se no lugar do vosso filho antes de partir para cima dele com mais um ataque de fúria.
4. Deem atenção ao vosso filho
Não estarei a ser injusta quando digo que muitas vezes os filhos se portam das piores formas para chamar a nossa atenção e nós não estamos nem aí. Estarei errada? Não me parece. A tecnologia, o trabalho, a casa, etc etc, tudo nos rouba imenso tempo e não nos deixa nenhum de qualidade para estarmos com eles. Eles têm de ser a nossa prioridade, nada é mais importante que os nossos filhos, não vamos ser egoístas e implementar demasiada energia em tudo o resto e quando estamos com eles preferimos que estejam a brincar sozinhos à nossa frente. Vamos acabar com isto? Vamos brincar com eles, vamos dar-lhes atenção!
5. Criem uma forte ligação
A relação que tenho com o meu Pai é ótima, por desde cedo ele ter-me dado bastante abertura para tudo. Ele cedia a certas situações que eu lhe pedia caso não descarrila-se e com isto quero eu dizer que fiz na mesma os meus erros e ele esteve sempre lá para me mostrar que falhei, que errei mas mostrava-me também a solução, mostrava-me tudo de forma calma mas assertiva, nunca gritando nem batendo. Ainda hoje somos os melhores amigos. Ele sempre confiou em mim e isso fez-me querer sempre consolidar essa confiança e não acabar com ela. Não mentia, não lhe falhava. Mostrem ao vosso filho que pode confiar em vocês.
6. Peçam desculpa
Quantas vezes obrigam o vosso filho a pedir desculpa? E vocês fazem o mesmo? Não é por serem adultos que não precisam de o fazer. São vocês que dão o exemplo. Por isso sempre que gritarem com ele e se arrependerem ou fizerem algo que não está certo, peçam desculpa de seguida. E expliquem porque o estão a fazer.
Metam a mão na consciência e reflitam sobre este assunto, se são daquelas Mães que gritam muito, arranjem outras formas para lidar com as piores situações. Está na hora de mudar! De mudar para melhor, para um melhor desenvolvimento do vosso filho!
Espero que esta reflexão e estas dicas tenham ajudado. Não estão sozinhas, eu também grito, também perco as estribeiras, também me arrependo no momento a seguir, mas também sei que vou melhorando de dia para dia, com muita calma, muita paciência e a implementar tudo isto que vos acabei de dizer.
Se por outro lado tiverem mais dicas que queiram partilhar por favor façam-no, irei agradecer profundamente!
Um beijinho enorme…
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