ASer mãe de segunda viagem traz muito mais tranquilidade do que quando passamos pela experiência da maternidade numa primeira vez, no entanto existem assuntos que continuam a levantar questões. Estou a falar das células estaminais, já abordei este tema aqui no blogue e desta vez vou falar-vos da minha experiência. Hoje em dia temos muita informação ao nosso dispor mas por vezes nem sempre é numa linguagem simples, com vivências associadas e sinceramente é isso que pretendemos encontrar quando a confusão prevalece na nossa cabeça.
Durante a gravidez do Rafael não avancei com a colheita das células estaminais por falta de informação e por sentir que esta questão não estava muito clara. Com a gravidez dos gémeos, não hesitei e decidi contactar a Crioestaminal, coloquei todas dúvidas e numa linguagem acessível e nada técnica foi tudo explicado e simplificado.
Pensei muito antes de tomar uma decisão e acreditem que o factor determinante foi ter uma irmã com mais de 90% de incapacidade, uma deficiência que vai agravando à medida que os anos passam. O facto dos meus filhos nascerem com algum problema foi um dos meus maiores medos desde que comecei a pensar na maternidade. Felizmente nasceram bem e com saúde.
As dúvidas dissiparam e decidi adquirir o Kit de criopreservação, aliás dois kits para cada um deles. No caso de gémeos é necessário 1 kit de colheita de sangue e/ou tecido do cordão umbilical para cada bebé. A boa notícia é que é nos dada uma redução de 50% no serviço para o segundo bebé.
Quando fiquei internada às 27 semanas ainda não tinha os Kits comigo e fiquei apreensiva pois os gémeos queriam nascer naquela altura. O meu marido apressou-se, contactou a Crioestaminal e no dia seguinte já os tinha junto a mim, acompanharam-me durante os 2 meses de internamento. Sempre que ia para o bloco, pois foram muitas as ameaças de parto, lá iam eles comigo.
Ouvi muitas opiniões controversas, até de profissionais de saúde que chegaram a chamar-me egoísta por querer guardar as células para os meus filhos em vez de guardar no banco público para quem precisasse. Sinceramente essas opiniões entraram a 100 e saíram a 200, cada um sabe de si e existirão sempre opiniões controversas sobre qualquer tema.
Sabia também da possibilidade de não ser possível colher a quantidade suficiente de sangue do cordão umbilical ou até do tecido. No momento do parto avisaram-me logo que tinha sido extraída pouca quantidade de sangue de um dos cordões.
No início optei pelo serviço Advantage Sangue e Tecido do cordão umbilical, no entanto não foi possível guardar com sucesso as células estaminais do tecido do cordão umbilical. Nos dias seguintes recebi o certificado de criopreservação no qual encontrei a seguinte informação:
“Previamente à criopreservação de uma amostra de células estaminais são analisados uma série de parâmetros e é efetuado um controlo de qualidade, que inclui, nomeadamente, cultura celular para avaliação da capacidade proliferativa das células mesenquimais presentes na amostra de tecido do cordão umbilical armazenada em criotubos.
Não tendo sido observada proliferação celular após cerca de 30 dias em cultura, foi efetuada uma repetição deste procedimento com nova cultura celular confirmando-se ausência de proliferação celular da amostra de tecido do cordão umbilical, de acordo com a metodologia utilizada.
Face a estes resultados não foi possível proceder ao armazenamento do tecido do cordão umbilical, uma vez que o futuro isolamento de células mesenquimais viáveis para utilização terapêutica é altamente improvável”.
Já o Sangue do Cordão Umbilical de ambos foi guardado com sucesso, o que me deixou muito feliz. Sempre soube desta possibilidade pois como disse anteriormente fui muito bem informada desde o início do meu contacto com a Crioestaminal.
Agora é esperar que não seja necessária a utilização das células estaminais mas caso haja essa possibilidade, tenho esperança que tudo vai correr da melhor forma. Na realidade sinto que fiz um seguro às suas vidas.
E vocês? Contem-me a vossa experiência com as células estaminais.
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