Aos 4 anos já chamava a atenção da família para os concertos que fazia recheados de canções da época. Qualquer brinquedo servia de microfone, o importante mesmo era cantar.
Ana Gomes viu na música o seu porto de abrigo, ninguém podia negar que não era a sua vocação. Os primeiros passos profissionais nesta área foram dados quando entrou para a escola. O seu professor de música percebeu que tinha um dom e começaram a trabalhar juntos nesse sentido. Na altura destacava-se a cantar músicas infantis e foram elas que a levaram a subir a inúmeros palcos de festivais durante a infância, como o Bravo Bravíssimo.
Determinada e sempre focada, completou a sua formação musical com aulas de bossa nova e canto lírico. A influência foi tal que surgiram dois álbuns distintos: “Fado Tropical” em 2014 e por último “Balanço” em 2016, um CD que conta com composições de Tozé Brito, o padrinho musical de Ana Gomes. Em 2018, e depois de uma pausa na carreira para se dedicar a 100% à maternidade, a artista regressa e é convidada a integrar o número restrito de artistas que fazem parte do álbum comemorativo dos 50 anos de carreira de Tozé Brito ao lado de Ana Moura e António Zambujo.
Estive à conversa com a artista para saber um pouco mais sobre a sua vida profissional mas acima de tudo como consegue conciliar o mundo do espetáculo com a maternidade.
Ana, o teu percurso profissional sempre esteve ligado à música?
Não, pois eu licenciei-me em Educação na Universidade do Minho e fiz um mestrado em Educação para a Saúde, durante alguns anos conciliei a música e outros trabalhos ligados à educação em geral e investigação mas a música acabou sempre por falar mais alto na minha vida.
Nunca tiveste receio de apostar na música por ser um mundo incerto a nível profissional?
Sim, e foi isso mesmo que me fez andar a navegar entre cá e lá durante alguns anos. Mas esta experiência também serviu para me mostrar que com dedicação e total empenho, sou capaz de ter uma carreira na música que me permita viver profissionalmente da mesma. Requer muito empenho, entrega e paixão total.
Para quem não te conhece como descreverias a tua música?
A minha música é ecléctica. Sou capaz mesmo de dizer que a minha música tem por característica a interpretação e a fusão de géneros musicais, que é o que mais gozo me dá. Ando e penso que andarei sempre pelo fado canção, bossa nova e smooth jazz, que são claramente a minha praia.
Quando engravidaste o que fazias para o teu bebé sentir esse amor que tens pela música?
Nessa altura colocava músicas nos “phones” encostados à barriga e foi muito giro perceber como ele reagia aos sons. Lembro-me do meu filho, ainda na barriga, ficar super agitado durante um concerto da Aurea ou quando ouvia o “Amar pelos dois”.
Como reage o teu filho à tua voz, às tuas músicas?
Reconhece a voz da mãe de imediato. É muito curioso porque a própria Educadora de Infância do meu filho procurou testá-lo colocando músicas minhas e músicas de outros cantores e perguntando quem era a cantora e ele reconheceu sempre a “mamã”. Para além disso agora já pede para ver a mãe na televisão.
Achas que pode seguir o mesmo percurso que a mãe?
Sim poderá vir a seguir os meus passos, eu deixo-o explorar a voz (com microfones) e deixo-o também explorar os instrumentos que temos em casa. Mas acho que o principal é ele ser feliz e fazer aquilo que gosta, seja o que for. Para mim o princípio da liberdade de escolha deve estar sempre presente na educação do meu filho.
Como consegues conciliar a maternidade e a música?
Agora que ele tem 21 meses começa a ser mais fácil conciliar tudo. É óbvio que, principalmente até aqui o apoio incondicional da família ajudou imenso pois os horários por vezes são complicados de conciliar.
O teu filho já assistiu a um concerto teu?
Já, foi uma loucura. Ah Ah Ah! Ele só tinha 9 meses e assistiu a um concerto inteiro da mãe, super acordado e em silêncio. O concerto só começou às 23H00 e ele ficou ali firme, mas caiu redondo na cama mal chegou ao Hotel.
Já escreveste uma música para ele?
Ainda não, mas está a ser preparada! Penso que tenho em mente que esta música tem de ser tão perfeita que me custa terminá-la. É quase como se tivesse de ser uma obra de amor e por isso inacabada. Espero conseguir resolver esta questão e acabar por compor finalmente uma música para o meu pequeno… Até porque posso compor uma série delas ao longo da vida, não tem de ser esta a obra perfeita!
O que estás a fazer neste momento a nível profissional e onde te poderemos ver?
Neste momento estou a apresentar ao público o meu primeiro tema original chamado “Meu Chiquinho”, que já está disponível nas plataformas de música digitais e também no youtube. Em breve começarão os concertos e as datas e locais podem ser consultados através do meu facebook, em https://www.facebook.com/anagomespaginaoficial ou através do meu site www.anagomes.blog.
Espero que tenham gostado tanto de conhecer a Ana como eu 🙂 Deliciem-se com as suas músicas!
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